paper

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daqueles momentos em que eu me pego pensando em algo e me pergunto se eu sou uma pessoa normal, se existem mais pessoas que têm o mesmo pensamento ou manias que eu.

comprei um kobo no dia dos pais para presentear meu pai; eu que sempre gostei de papel, que sempre gostei do toque das páginas e do barulho delas virando…

eu que sempre me importei com as capas dos livros, e sempre escolho a dedo os livros nas prateleiras na hora de comprá-los. eu que escolho os menos amassados, os mais escondidos das pilhas com as menores probabilidades de terem sido já abertos, e se possível, e disponíveis; escolho os ainda embalados.

neurose? pode ser. mas eu me sinto extremamente incomodada se um livro já vem com uma orelha, ou um vinco ou um arranhão na capa. motivo pelo qual eu só compro livros pela internet se estão numa promoção incrível ou quando se tratam de livros sem muito apelo visual e sem muita possibilidade de vir com a capa dura (por exemplo) com sua pontinha batida.

enfim.

eu que sempre me importei com todas essas questões me vi a frente de um e-reader e confesso, tive dúvida.

achei interessantíssimo o fato de ele indicar a porcentagem já lida dos livros, a luz que apaga e acende, a textura da tela, o virar das páginas com um toque, a possibilidade de fazer anotações e pesquisas on-line e o compartilhar de trechos nas redes sociais.

achei moderno. acho que na minha idade a gente tem uma certa necessidadezinha de ser moderno. deixei minha vontade de ter um kobo para uma próxima oportunidade, já que vou pagar o presente do meu pai nos próximos 5 meses.

abri meu armário de livros essa semana e achei o livro do antonio prata; “nu, de botas”, acho que comprei ano passado, ou no início desse ano. estava meio que encostado, esperando a vez dele na minha fila de leitura, que anda meio desorganizada mesmo.

o livro é muito bom, engraçado, cheio de lembranças, sutilezas e sensações que eu consigo dividir com o autor; as vezes parecem até as mesmas lembranças que as minhas.

mas o que me deixou perdidamente apaixonada, não foi a capa (que eu abri meio de mau jeito e vinquei a dobra meio torta), nem as histórias, mas sim o papel.

a primeira página que eu virei do livro me despertou uma paixão; aquele papel com aquela leve textura, grossinho…

alisei a página. virei-a. desvirei-a. alisei ela de novo. que gostoso.

estou lendo o livro ainda. e a cada página que eu viro eu aproveito para sentir o cantinho da página por um momento a mais do que eu levaria para virar uma outra página qualquer.

definitivamente, eu decidi que não quero ter um kobo. quero continuar me apaixonando por livros, pelas suas capas e pelas suas páginas; pelo papel onde as histórias são impressas, pela textura que essas folhas carregam, e pela sensação de me sentir feliz cada vez que eu virar uma página.

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